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Professor, sem saúde mental você não controla uma sala de aula
Como reconhecer os sinais de exaustão e dar um passo para recuperar o bem-estar.
Ei, professor(a), como está?
Você, provavelmente, já ouviu a frase: “Precisa de muita paciência para lidar com uma sala de aula”, ou então: “É necessário estudar muito para ensinar tantos alunos”, não é mesmo? Pois, eu te digo: “Antes de tudo isso, você deve cuidar da saúde mental!”
Se durante esses últimos meses ou anos o cansaço está tomando conta do seu dia e a sobrecarga te dominando, é o momento de reavaliar. Isso porque a rotina do professor vai além da sala de aula.
Os planejamentos, a cobrança e os desafios emocionais muitas vezes nos dão a sensação de impotência. Parece que para ter tempo suficiente e fazer com que tudo dê certo é necessário sempre nos colocarmos em último lugar. Com isso, a mente começa a emitir sinais de alerta.
A verdade é que ninguém ensina bem quando está esgotado. O estresse constante, a pressão por resultados e a carga emocional que carregamos dos alunos podem nos levar a um ponto crítico: o burnout. E acredite, não dá para simplesmente "seguir em frente".
Mas como equilibrar a paixão pelo ensino com o autocuidado? Como não se perder no meio de tantas demandas?
Nesta edição, vou falar sobre como reconhecer os sinais de sobrecarga e, principalmente, o que fazer para manter a saúde mental. Afinal, antes de cuidar dos outros, precisamos aprender a cuidar de nós mesmos!
Boa leitura!
Ninguém ensina bem quando está esgotado
Ninguém faz nada bem quando está esgotado

Eu sei que você tenta. Entra na sala de aula, respira fundo e age no automático. Mas o corpo já está cansado antes mesmo do “Bom dia”. Com a cabeça em mil lugares ao mesmo tempo – planejamento, notas, reuniões, problemas pessoais – fica complicado não perder a paciência na primeira birra dos alunos.
O barulho da classe parece maior do que é. Os conflitos parecem se multiplicar. Aquele aluno que só precisava de um olhar mais firme, agora é impossível de controlar.
O conteúdo que você dominava, agora parece ser um peso. No final de cada aula a sensação nunca é de dever cumprido. E então, você pensa: “Onde estou errando?” Mas a verdade é que ninguém ensina bem quando está esgotado. Ninguém faz nada bem quando está esgotado.
Sabe qual é o pior de tudo isso? É que você se acostuma. Nós nos acostumamos. É como se o cansaço extremo fosse parte do pacote. É como se o esgotamento fosse sinônimo da profissão.
Mas não devia ser assim. Não há como ensinar com qualidade quando o cérebro está no piloto automático. Não tem como acolher os alunos quando você precisa de acolhimento.
Acontece que ninguém fala sobre isso na faculdade.
Então seguimos fingindo que damos conta, que é só mais um bimestre difícil, que nas férias tudo vai melhorar. Mas será que vai mesmo?
Muito se fala sobre estratégias de ensino, gestão de turma, metodologias ativas... Mas e a nossa saúde mental? E o nosso descanso? Porque ensinar exige presença, exige energia. E se a gente não cuida disso, tudo desmorona.
Então, antes de tentar controlar a sala, a pergunta precisa ser: o que eu posso fazer para me sentir melhor?
Nem sempre dá para mudar o contexto, mas ajustar o ritmo é possível. Dá para pedir ajuda. Dá para lembrar que um professor exausto não falha por não dar conta — falha por achar que precisa dar conta de tudo, sempre.
Proposta de intervenção

Ao contrário das propostas de intervenção que costumo deixar nas edições, esta não é para os alunos, mas sim para você, professor. Se a leitura acima te fez identificar sinais de esgotamento, as dicas a seguir podem ser eficientes.
Proposta de Intervenção para lidar com o esgotamento
1. Reconheça os sintomas
O primeiro passo você já fez que é o de reconhecer os sintomas do esgotamento. Assim, se há cansaço excessivo, irritabilidade, dificuldade de concentração ou falta de motivação, é provável que a saúde mental não esteja em dia.
2. Busque apoio
Após reconhecer os sintomas, é fundamental buscar apoio. Esse tipo de apoio vai desde o profissional qualificado até aquele amigo para todas as horas. O importante é colocar as emoções para fora e nunca aprisionar o que está sentindo. Isso ajuda a aliviar a tensão e perceber que você não está sozinho.
3. Faça pausas programadas durante o dia
Quando a rotina do ensino for muito intensa é indicado fazer pausas programas durante o dia que vão além do intervalo habitual de 20 minutos. Uma caminhada de 5 minutos antes de iniciar as aulas ou ao fim delas pode ser prazerosa e causar a desconexão necessária do ambiente estressante.
4. Estabeleça limites no trabalho e tenha metas realistas
Esses são dois pontos principais quando falamos da saúde mental do professor. Estabelecer limites no trabalho é aprender a dizer “não”. Embora pareça, nós, professores, não somos super-heróis e nem tudo está ao nosso alcance.
Além disso, as metas devem ser realistas. Nada de tentar cumprir mais tarefas do que é viável. Planeje seu dia para evitar a sensação de fracasso por não cumprir todos os compromissos.
5. Desconecte-se do trabalho nas folgas
Sim, eu sei que o trabalho do professor vai além da sala de aula. Entretanto, é preciso desconectar-se da sala de aula nas folgas. Reserve, ao menos, um dia para fazer qualquer coisa que não esteja ligada ao ofício.
Para isso, desligue-se dos grupos de professores, e-mails e outras mensagens que remetem ao cotidiano profissional.
6. Invista no autocuidado e nas atividades relaxantes
O autocuidado físico caminha lado a lado com o mental e é necessário para manter o equilíbrio. Isso inclui dormir bem, alimentar-se de maneira saudável, e praticar atividades que aliviam o estresse como meditação, yoga e caminhadas.
Ao perceber que está com esgotamento mental ou em risco de burnout é fundamental atuar de forma proativa. O autocuidado é essencial para se manter saudável, com energia e motivação para continuar a oferecer o melhor ensino aos seus alunos.
Materiais para superar o esgotamento mental
Além da proposta de intervenção, deixei alguns materiais que podem te ajudar a superar o esgotamento mental.
O livro “Burnout: Como evitar a síndrome de esgotamento no trabalho e nas relações assistenciais” descreve o estado de exaustão intensa de uma pessoa. A leitura ensina como reconhecer o problema e buscar a solução. Veja na Amazon
Em "Cuidar de quem educa: Como manter o bem-estar e o equilíbrio emocional para vencer os desafios da educação" você vai aprender a integrar corpo, mente e emoções. Seja na vida pessoal ou na profissional, a leitura ensina a cuidar da saúde mental. Veja na Amazon
O e-book “Saúde mental dos professores”é gratuito e repleto de orientações para promover o bem-estar docente. O guia traz dicas de autocuidado, fundamentais para os professores encontrarem equilíbrio e prazer em sua rotina profissional. Baixe no site Nova Escola
Na “Websérie debate saúde mental do professor”, você vai conferir três episódios com depoimentos e experiências de educadores de diferentes escolas públicas. O objetivo da websérie é falar sobre a questão da saúde mental dos professores e contribuir com a construção de soluções. Veja no site Nova Escola
Conteúdos relevantes do mundo da educação
Para finalizar, selecionei alguns conteúdos relevantes do mundo da educação sobre esgotamento mental do professor.
[dicas] Professor, como está a saúde emocional? 5 dicas para um fim de ano leve
Embora seja um artigo escrito no final de 2024, as dicas continuam valiosas. A leitura fala sobre como ter um ano mais leve e evitar o esgotamento mental causado pela rotina em sala de aula. Leia no site Gazeta do Povo
[reflexão] Como cuidar da saúde mental do professor?
Nesta reflexão, você vai conhecer histórias de professores que chegaram ao limite devido à saúde mental. O artigo também fala sobre as possíveis soluções para sanar esse esgotamento. Leia no site Terra
[podcast] Minuto Saúde Mental #97: O que eu posso fazer para melhorar minha saúde mental?
O episódio “O que eu posso fazer para melhorar minha saúde mental” aborda estratégias para preservar o bem-estar psicológico. O conteúdo é ideal para quem sente o corpo e a mente em desequilíbrio. Ouça no Jornal da USP
Finalizo a edição desta semana, reforçando a importância de cuidar da mente. Se você sente sintomas de esgotamento, siga as dicas deixadas aqui. Não esqueça de compartilhar a news com outros colegas que passam pela mesma situação.
Boa aula e até a próxima semana!
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