- Material Dourado
- Posts
- Nem todo colo é de mãe, mas todo colo ensina!
Nem todo colo é de mãe, mas todo colo ensina!
Uma conversa sobre afeto, presença e como o Dia das Mães pode inspirar nossa prática docente
Ei, professor(a), como está?
No domingo, 11 de maio, terá abraço apertado, café da manhã improvisado com pão amassado e cartinhas cheias de corações tortos. É Dia das Mães! Data que mexe com todo mundo, seja você mãe, filho, filha, avó ou aquele professor que já recebeu um “Feliz Dia das Mães, tia!” sem ser exatamente… uma tia.
Mas além das flores e homenagens, o Dia das Mães é um bom pretexto para pensarmos no que o amor materno tem a nos ensinar sobre educação. E não, não estou falando de ensinar a amarrar o tênis ou comer verdura (apesar de isso também ser importante).
Estou falando de acolhimento, paciência, presença e vínculo. Aquilo que faz uma criança se sentir segura para explorar o mundo, errar sem medo e tentar de novo.
Se você reparar bem, é exatamente isso que tentamos fazer na sala de aula todos os dias, mesmo quando tudo dá errado. A news de hoje é sobre o colo que, embora não seja de mãe, também ensina!
Boa leitura!
Ensinar também é uma forma de cuidar
O impacto do vínculo e da empatia na aprendizagem. E o que o afeto tem a ver com a sala de aula

Provavelmente, você já ouviu a frase: “ser professor não é ser mãe”. Algumas pessoas confundem os papéis e acabam nos dando mais responsabilidades para assumir, não é mesmo?
No entanto, todo professor pode ter um “colo que ensina”. Para isso, basta oferecer presença e empatia, uma vez que um bom educador é, antes de tudo, aquele adulto que acolhe e ensina com gentileza.
Não, isso não é papo de livro de autoajuda. A neurociência já mostrou que emoções positivas favorecem a aprendizagem. Os alunos (crianças e jovens) aprendem melhor quando se sentem seguros, valorizados e pertencentes.
O cérebro se abre mais ao conhecimento quando o ambiente não é hostil. A sala de aula, quando atravessada por relações afetivas saudáveis, vira território fértil para aprender.
Por isso, o professor que estabelece vínculo, conhece seus alunos pelo nome, escuta de verdade e se interessa por suas histórias, impacta no desempenho escolar.
E mais: impacta na autoestima, no desenvolvimento emocional e na visão que o aluno terá de si — dentro e fora da escola.
Não se trata de ser o “mais legal da turma” (como falei na última edição), mas de ser presente e coerente. De mostrar que se importa, mesmo quando precisa ser firme. De construir uma relação na qual o aluno entenda que, ali, tem um adulto com quem ele pode contar.
E veja: isso vale para professoras mães, professores pais, para filhos de mães e até para quem tem lembrança de mãe no colo da avó, por exemplo.
Afinal, todo mundo carrega no corpo alguma memória de afeto que ensinou, sem palavras, o que é amar com intenção. Trazer isso para a sala de aula é um jeito de ensinar com humanidade.
Então, nesta semana das mães, que tal se presentear com uma pausa para refletir sobre o quanto o afeto já faz parte da sua prática? E, se ainda não faz, por onde é possível começar?
Porque tem dias em que o conteúdo é importante, claro. Mas tem outros em que o aluno mais precisa é de alguém que o enxergue com o mesmo carinho de quem diz: “vai, eu tô aqui”.
Sugestão de atividade para o Mês das Mães

Não, não vou sugerir uma atividade para as mães. Afinal, domingo está aí e tudo já foi organizado, concorda? A ideia é um exercício para realizar com os alunos no mês de maio que os faça enxergar todo o amor, na prática docente.
Objetivo: desenvolver empatia, fortalecer vínculos afetivos e reconhecer figuras significativas na vida dos alunos que os inspiram a aprender e crescer.
Descrição:
1. Roda de conversa (ou escrita individual, se preferir começar mais intimamente): peça para os alunos refletirem sobre uma pessoa que, assim como uma mãe ou um cuidador, os ensinou algo importante com amor e paciência.
Pode ser a própria mãe, um pai, avó, tio, vizinha, irmão mais velho, ou até um professor.
Sugestão de perguntas:
Quem já te ensinou algo com carinho?
Qual foi esse aprendizado?
Como você se sentiu ao aprender com essa pessoa?
2. Carta ou bilhete afetivo: convide os alunos a escreverem uma carta curta ou um bilhete para essa pessoa, agradecendo e compartilhando o que esse aprendizado significou para eles.
Caso a pessoa já não esteja presente (por distância ou falecimento), eles podem escrever como forma de memória, como um gesto simbólico.
É possível abrir um momento de leitura dessas cartas em voz alta. Isso costuma emocionar e fortalecer o grupo. Muitos se reconhecem nas histórias uns dos outros.
3. Extensão criativa: criem um mural coletivo com frases destacadas das cartas, formando um “Painel de Gratidão e Aprendizado”. Transformem as cartas em uma cápsula do tempo para serem relidas no final do ano.
Faixa etária: adaptável. Para os menores, pode ser feito com desenhos e frases curtas. Para os maiores, cartas mais reflexivas e profundas.
Por que essa atividade funciona?
Ela conecta o conteúdo emocional da semana com práticas de linguagem, expressão, escuta e construção de vínculos. Além disso, ajuda os alunos a reconhecerem o valor do afeto como parte do processo de aprendizagem, algo que impacta diretamente no clima da turma.
Indicações de livros para uma aprendizagem afetiva
A seguir, selecionei alguns livros que contribuem para um aprendizado afetivo.
O livro “Colecionando memórias afetivas na escola” mostra que a escola vai muito além do aprendizado: é um espaço de memórias, descobertas e afeto. Através do livro de recordações de Pedro, sua irmã Bia conhece experiências escolares marcantes, cheias de criatividade, amizade e encantamento. Veja na Amazon
Em "Afetividade e aprendizagem: Contribuições de Henri Wallon", é explorada a importância da afetividade no processo de ensino-aprendizagem, com base na teoria de Henri Wallon. O livro aborda a cognição, emoção e movimento no cotidiano escolar, enriquecendo a prática docente em todos os níveis de ensino. Veja na Amazon
“Cérebro E Afetividade – Potencializando Uma Aprendizagem Significativa” reúne neurociência e pedagogia para mostrar como a afetividade influencia diretamente o aprendizado. Com linguagem acessível, o livro fala sobre o papel das emoções, dos estímulos e do educador no processo de aprendizagem. Veja na Amazon
Saiba mais sobre aprendizagem afetiva
Para finalizar, deixei três vídeos que podem abrir a sua mente quando o assunto é aprendizagem afetiva.
Introdução à Neurociência Afetiva | Matheus Milan Professor
O professor Matheus Milan destaca como o vínculo afetivo entre educadores e alunos é essencial para o processo de ensino. Com base em estudos e experiências práticas, ele mostra que emoções positivas fortalecem a motivação e o engajamento dos estudantes. Veja o vídeo no YouTube
Mario Sergio Cortella responde: Qual a relação entre afetividade, vínculo e aprendizagem?
Mario Sergio Cortella responde nesse vídeo qual é a relação entre afetividade, vínculo e aprendizagem. Ele reforça a diferença entre autoridade e autoritarismo em sala de aula. Veja o vídeo no YouTube
Daniela Lemos Aprendizagem afetiva e efetiva
Para finalizar, neste vídeo, a educadora Daniela Lemos discute a relação entre aprendizagem, afetividade e efetividade. Ela explica como essas dimensões se complementam, destacando a importância de ensinar com empatia para promover uma aprendizagem realmente significativa. Veja o vídeo no YouTube
A news da semana fica por aqui. Que o Dia das Mães traga inspiração e afeto, e que esse cuidado transborde também para a sua sala de aula, todos os dias.
Boa aula e até a próxima!
Reply